sexta-feira, 22 de maio de 2009

Como se sonhava amar

Ziliane Marques
Crescera em meio a contos de fadas e seus duendes, castelos, dragões, príncipes encantados e fadas madrinhas. Sonhava acordada e ensaiava os passos da valsa em frente ao espelho. Deslizava em movimentos cada vez mais suaves e harmoniosos.
Depois passara aos romances. Imaginava onde estaria o seu Romeu, em que cavalo viria, de qual terra distante ele seria, que loucura seria capaz de cometer em nome do amor que sentiria por ela... Sem jamais esquecer dos passos da valsa que ensaiara para surpreender o amado, quando ele chegasse.
Quando descobriu as tragédias, viu que o amor vem cheio de passionalidade, ciúmes e interesses e também viu os MacBeth todos irem para o outro mundo em nome do dinheiro e do poder. Ficou receosa por não saber se seu príncipe seria, na verdade, um monstro. E pela primeira vez em sua vida desejou que ele jamais chegasse.
E ela foi para o mundo, saiu do seu castelo, descobriu que aquele amor puro que sempre esperou, esbarrava na realidade cotidiana e na natureza das pessoas. Foi quando perdida em pensamentos sobre a maldade, enquanto caminhava por entre ruas apinhadas de gente e automóveis, seu coração infartou. E nessa hora não sentia dor, apenas ouvia Maria Bethânia recitar melodiosamente: "Nunca soubera como se amava, apenas soube como se sonhava amar". Enquanto noutro lugar da cidade, no meio de uma favela apinhada de barracos, nascia um pequeno menino, que a mãe ainda não decidira o nome, apenas chamava-o de "príncipe encantado".
- Deus conserve para sempre o meu bom senso temperado a pitadas de loucura.

Quem sou eu

Minha foto
Uma pequena criatura semi-leiga em muita coisa, mas metida o suficiente para dar palpite em quase tudo. beijosaindasereimanchete!
Powered By Blogger

Arquivo do blog

"Ouse e seja como o Louco do Tarot, que confia cegamente na sua sorte e só almeja sua evolução."