domingo, 26 de abril de 2009

Do lado de dentro

Hoje estava me perguntando o porquê de eu não gostar muito de relembrar o passado, nem os momentos bons, nem os ruins. O passado sempre deixa um gosto adstringente em minha boca, mesmo nos momentos de felicidade. É estranho, mas sou eu.

Estava eu olhando uns artigos aqui na internet que coincidentemente falavam da relação passado-presente-futuro (nada exotérico, por favor), e aquilo tudo meio que iluminou meus pensamentos. Não que eu estivesse atrás de uma explicação, mas ela veio.

Talvez por eu ser perfeccionista e sonhadora demais, por eu exigir tanto de mim, o passado me desagrade em parte porque analisando ele do presente (uma Ziliane com mais experiência, mais madura e etc), ele tende a se mostrar imperfeito demais.

Nele as pessoas me julgaram errado, eu tive atitudes imaturas e preconceituosas, não dei as melhores respostas nas horas mais propícias, deixei de fazer algumas coisas que eu gostava por sonhos que não se concretizaram, valorizei quem não devia... E por aí vai.

Meu passado foi imperfeito, assim como meu presente, no futuro, também será. E isso, inconscientemente, me frustra, ou, no mínimo, me deixa com uma sensação semelhante a impotência. Impotência por não poder voltar no tempo e refazer mil vezes até ficar perfeito.

Perfeição essa que sempre busquei e que sempre estarei longe de alcançar, embora sempre a tenha perseguido. Sem aparentes motivos.

Mas no fundo eu sei que essa imperfeição indesejada me faz crescer de alguma forma, assim como o meu passado me fez tornar quem eu sou hoje. Não o renego. Ao contrário, aceito-o e admito que ele faz parte de mim. O que também não significa dizer que rememorá-lo me faz bem. Prefiro deixar ele enterrado como está (ou como espero que esteja).

De uma forma bem clichê: prefiro me preocupar com quem sou agora e com quem terei me tornado ao raiar de um novo dia.


Ouvindo: Read my mind - The Killers

sábado, 25 de abril de 2009

Lei qualquer/Um ano aí

As vezes, esse monte de leis e princípios me desanimam. Mas quando me lembro daqueles nomes científicos e das rotas metabólicas, fico extremamente feliz. A lei 8112/90 me parece fixinha, fixinha e eu crio um certo ânimo pra estudar. =)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Marcelo Camelo

foi curtinho, mas durou uma eternidade. as imagens e a voz de camelo ainda estão na minha cabeça. e não, não achei nem um pouco morgado, no máximo de uma melancolia gostosa de se ouvir junto, cantar junto, abraçar junto.
iria de novo fácil fácil.
Menina bonita bordada de flor,
Menina bonita bordada de flor.
Eu vi primeiro, eu vi primeiro, eu vi primeiro.
Todo encanto dessa moça,
Todo o encanto dessa moça!
Vai ver era só dizer a ela assim:
Moça, por favor, cuida bem de mim!
(Menina Bordada - Marcelo Camelo)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

II (Dois)

- continuação -



Mas enquanto cavo minhas trincheiras para me proteger da ameaça interna que sou eu, derrubo os muros que me separavam do que não era eu. E bem aos poucos vou me expondo ao mundo, mesmo sem ter resolvido as pendências internas. Assemelho-me ao vulcão prestes a entrar em erupção: por fora a terra escura dá a sensação de deserto, calmaria e imobilidade, por dentro, lava fervente, agitada, tentando sair do emaranhado interno de canais e valas para emergir à superfície e tornar-se pedra da mais preciosa que existe.
É fato que à instabilidade da erupção segue um período de calmaria, no qual o vulcão permanece latente por anos a fio. Meu vulcão deve estar em hiper-atividade, com períodos de calmaria curtíssimos e cada vez mais escassos. Mas não reclamo, é essa instabilidade interna que me faz produzir, que me tira da inércia desses dias tão parcos e esverdeados (de um mormaço sonolento que geralmente causa malemolência).
Inércia na qual permaneci e muitos também permanecem por milhares de dias, meses, anos... Inércia improdutiva e desmemoriada. Inútil desde o início de sua elaboração, recheada por planos que jamais se concretizarão (ou pouco provavelmente).

sábado, 18 de abril de 2009

I (Um)

E cá estou perdida mais uma vez em pensamentos. Estranho seria era se me achasse neles. Pensar é sinônimo de perdição. Perdem-se horas, dias, meses. Perde-se o tão precioso tempo. Perde-se a oportunidade. Perde-se o paladar, o olfato, o tato. Perde-se, por fim, a vida.

E esse perder-se, ao mesmo tempo, é ganhar. Sem a mínima contradição. Pensando se produzem idéias, testes, divagações, devaneios. Pensando se preserva o corpo, se expurga a alma.

Engana-se quem acha que pensar não dói. O pensar certo, crítico, minucioso, dói mais até que a dor da ferida ainda ardente e ensaguentada, porque ao se pensar assim, se enxerga a realidade.

Poucos são os realistas certeiros, natos, intuitivos. E em menor número ainda são os que usam tal dom com finalidades não lucrativas. Ver a realidade em todos os aspectos é atingir uma espécie de nirvana sensorial: o ápice de sensações equilibradamente desequilibradas tal qual como são permitidas pelo mundo.

Pudera eu ser só sensações, eu seria então uma espécie de Buda sensorial, talvez o yin do Buda extrassensorial que foi Sidarta Gautama. E caso já existisse um Buda sensorial anterior, eu seria, no mínimo, um Dalai Lama das sensações.

Mágico para qualquer um. Tão mágico que chegaria a ser revolucionário. E minha veia revolucionária toma meu sistema circulatório inteiro. Sou toda uma revolução latente a espera de seguidores, a espera do estopim. Sou luta armada até os dentes entre ID e EGO pronta pra explodir.
(continua)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Inusitado.

Aí que depois de passar mais de duas horas com a boca aberta e praticamente sem conseguir respirar direito, na cadeira do dentista, fui dar uma volta e fazer aquelas compras necessárias que não davam mais para serem adiadas.
E não é que para minha surpresa, estava lá eu animadamente tentando explicar para a vendedora simpática como era o modelo dos óculos que eu queria, quando vejo pelo espelho o reflexo daquela pessoa que um dia você pensou ser especial e fundamental na sua vida. Ok, não que não tenha sido, de fato foi mesmo e por um período longo, até. Mas que um belo dia arrumou sua mochila e foi sentar bem longe de mim.
De repente, me vem a mente todas as palavras que ensaiei pra dizer, em frente ao espelho, quando te encontrasse (embora eu achasse que as havia esquecido). Aí sorrio por dentro e vejo que nunca foi realmente necessário, foram apenas escolhas feitas por cada um e ninguém precisa dar ao certo satisfações sobre elas. E, embora eu preferisse poder ser simpática e falar aquele oitudobemcomovai rápido, nesse caso nem isso cabe.
Desviei o olhar do espelho e comecei a provar animadamente os modelos que a vendora trazia e a pedir a opinião da minha mãe (nunca consegui escolher bons modelos de óculos sozinha). Quando olhei para trás novamente, só havia montes de óculos e relógios, você mais uma vez seguira o seu caminho e eu o meu. E a sua aparição ali praticamente ao meu lado serviu pra me mostar o quanto o tempo foi generoso comigo, e agradeço a Deus todos os dias por isso. E acredite, eu estou bem melhor assim.
Há quem pense, nessas horas, que eu sou fria. Mas é que não sabia se iria valer a pena quebrar minha estabilidade atual para dizer um oi a um pretérito longínquo que me fez sofrer, a possibilidade de falar contigo de novo me pareceu um link indesejado que não deveria ser clickado. Mas ficaadica praqueles que entendem: nunca acabe uma grande amizade sem explicar os porquês, sem colocar os devidos pingos nos is e nos jotas.
O tempo é bem cruel, meus caros. E a indiferença pior não é aquela que externamos, é essa que vem de dentro, porque ela é bem mais cruel e muito mais sincera.
Ouvindo: Sunday Afternoon - Rachael Yamagata.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

prontofalei

não queria mandar aquele e-mail porque pela primeira vez passou pela minha cabeça que eu poderia não receber uma resposta ou pior, talvez recebesse até uma resposta que me fizesse sofrer, que me fizesse ressucitar fantasmas do passado dentro de mim. não que o passado ainda doa, mas quando falei em alguma postagem anterior que certas coisas são cíclicas, também me referia aos acontecimentos da minha vida pessoal, incluindo os motivos para tais acontecimentos.
então correndo o risco de me precipitar, de parecer uma louca e cometer um terrível engano ou correndo o risco de botar tudo a perder, fui lá e mandei.
agora estou incrivelmente aliviada porque não fiquei parada assistindo aos acontecimentos, fui lá e expus meus pensamentos (que não são parcos, nem simples, porém sinceros). e, de novo, espero. mas, como sempre, com aquela esperança de que tudo não passe de um terrível engano ou de uma fase curta que tão cedo não se repetirá. e de que vai haver calmaria no meio desse turbilhão de pensamentos que assolam minha cabeça escassa de atividades intelectuais desgastantes.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Eu Apenas Queria Que Você Soubesse

Composição: Gonzaguinha

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé
E se olhar bem fundo até o dedão do pé

Eu apenas queira que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

Politicamente correto

Não sei o porquê de certas pessoas acharem que existe apenas uma única verdade, um modo de agir mais correto que irá levar a um caminho supostamente melhor. Para mim elas enxergam o mundo de uma forma bitolada, padronizada, estática, algo que, definitivamente, está longe de ser o mundo real em que vivemos.
O mundo que enxergo é sinônimo de mutação e evolução, bem aos parâmetros biológicos mesmo. As mutações acontecem de forma espontânea e ao acaso, são imprevisíveis. E a evolução é lenta e gradual, bem aos moldes do que ocorreu com a Terra por todas as eras geológicas. Obviamente, existe alguma ciclicidade por trás desse processo todo, certas coisas insistem permanentemente a se repetir, não necessariamente partindo do mesmo ponto. Mais ou menos assim: fatos semelhantes se repetem em contextos diferentes. O que comprovaria a Lei de Hess (QUÊ?!): não existe apenas um único caminho de se chegar a um objetivo.
Por isso que fico realmente puta quando as pessoas vêm me falar que fazendo-de-tal-forma-vai-por-mim-que-dá-certo. Por que eu não posso achar meus próprios caminhos? Por que se eu tentar do meu jeito eu vou quebrar a cara? Ah, fala sério! Eu nunca fui tão irresponsável assim, ok?! Sempre tento planejar algo e traçar metas, e meio que aos trancos e barrancos, as vezes um tanto quanto lentamente, vou alcançando-as.
Tô nem aí para padrãozinho idiota nenhum, pra falta de paciência, pras frustrações; porque se você parar pra pensar, todos passam por problemas, inclusive eu. Eu não sou de aço inoxidável, não sou perfeita, sou extremamente falha, embora eu tente ser perfeita em minha imperfeição. Talvez meu erro até seja esse: tentar ser boazinha demais. Mas não vou perder a esperança de um dia mudar.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Prezada Mulherzinha,

Se existe alguém que pode falar o que vou falar para você, sou eu. Então, por favor, tenha a humildade de admitir que sei o que estou falando. Pois o que eu te direi é duro, mas poderá te fazer um bem enorme.

Chega. Chega de se comportar assim. Como se estivesse lutando pelo posto de rainha da bateria. De Miss Maravilha do Mundo. Basta de ataques, dessa competitividade suburbana eu sou a melhor, eu sou a mais alta, eu sou a mais gostosa do pedaço. Ninguém tá ligando a mínima se você corre 10 quilômetros ou se aplicou Botox nessa sua testa sem expressão. Ou se você é assim porque ainda não passa de uma menininha que quer ser mais perfeita do que a mãe, conquistar o amor do pai e ser a primeira da classe. Esse teu afã psicopata de vencer todas as paradas só te deixa ridícula. E me faz querer usar um termo que odeio: coisa de mulherzinha. Mulherzinha é que tem essa mania de estar sempre desconfiada das amigas, porque todas teriam inveja do seu corpão e do seu cabelão estilo falso-loiro-natural-cinco-tons. Lamento informar, querida, que ninguém sente inveja de você. Por isso, chega de dizer por aí que, para não atrair olho grande, é bom ficar de bico fechado sobre a tal possível promoção que você terá no trabalho. Relaxa, ninguém está a fim de ser você. Tente, portanto, ser você com mais leveza. E lembre-se: esse negócio de dizer que não se pode confiar em mulheres só comprova que você é uma pessoa maliciosa. Sendo que isso está longe de ser porque você é fêmea.

Quando vejo você tagarelando sobre seus feitos sexuais, sinto-me num filme ruim sobre ginasianas americanas. Todas fanhas e excitadas. Chega, tá? De azucrinar os outros com essa sua boca-genital lambuzada de gloss, cuspindo baixos-clichês, simulando uma modernidade que você não tem. Nunca mais caia no ridículo de fazer "sexo casual" com nenhum tipo de homem, mais velho ou mais novo, casado ou solteiro, porque todo mundo já sabe que você finge tudo.

Que goza, que não se sente fácil, que não liga quando os caras não telefonam no dia seguinte. Seja honesta uma vez na vida: confesse. Que você não é nada tão wild quanto se vende. Que não sabe falar tão bem inglês assim. Que fez escova progressiva. Que tem dermatite. E enfim você terá alguma paz, pois se reconhece humana, e não a barbie boba que você procura ser. Acredite: idiotice só te faz charmosa para os cafajestes. Se continuar assim, nunca vai aparecer aquele cara bacana que você gostaria que aparecesse; para lutar por você, até te conquistar, e destruir essa tua linda silhueta com uma gestação de 15 quilos.

É triste, amiga Mulherzinha, mas você terá que abrir mão da máscara de rímel que cobre a sua verdade.
Fernanda Young

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Deixa o verão

Deixa eu decidir se é cedo ou tarde,
espere eu considerar,
ver se eu vou assim chique-à-vontade,
Igual o tom do lugar.

Enquanto eu penso você sugeriu
um bom motivo pra tudo atrasar.
E ainda é cedo pra lá,
chegando às seis tá bom demais!
Deixa o verão pra mais tarde...

Não tô muito afim de novidade. Fila em banco de bar.
Considere toda hostilidade que há da porta pra lá!
Enquanto eu fujo você inventou
qualquer desculpa pra gente ficar
E assim a gente não sai
que esse sofá tá bom demais!
Deixa o verão pra mais tarde...

E eu digo cá entre nós
deixa o verão pra mais tarde...

(Rodrigo Amarante)


Porque as vezes é bom deixar de lado verões ensolarados pra encontrar primaveras floridas (ou invernos cinzas cheios de britpop e almofadas aconchegantes). Fora isso, releve a hostilidade. ;D
- Deus conserve para sempre o meu bom senso temperado a pitadas de loucura.

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Uma pequena criatura semi-leiga em muita coisa, mas metida o suficiente para dar palpite em quase tudo. beijosaindasereimanchete!
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"Ouse e seja como o Louco do Tarot, que confia cegamente na sua sorte e só almeja sua evolução."