Habita uma alma infinda dentro de mim
que atravessou séculos e séculos,
ocupou corpos outros
antes de se apossar do meu.
Minh'alma é pesada demais
para ser carregada por mim.
Tem o peso de gestos ocultos,
de vontades implícitas
(im)possíveis de realização.
Tem o peso do ato contido,
da palavra não dita,
do fato, do tato.
Minha alma não é matéria inerte.
É áurea palpável por qualquer um.
Minha alma é matéria pulsante,
vibrante, mutante, inconstante.
É planta carnívora
ávida por se alimentar.
É um movimento antropofágico inteiro.
É minha lembrança primeira,
É meu presente relutante,
É meu futuro de glórias,
dores e vitórias.
É minha eterna luta contra paradigmas.
música incidental:
"Dá-me beijos, dai-me tantos
Que enleado em teus encantos
Preso nos abraços teus
Eu não sinta a própria vida
Nem minha alma, de perdida
No azul amor dos teus céus"
(Maria Bethânia)
Ser mãe
Há 7 anos