Eu sou a dor da ferida latente,
o medo do futuro recente,
a angústia do passado distante.
Cada centímetro cúbico de mim
é obra de arte em carne viva,
é loção adstringente de se passar no corpo,
é creme esfoliante pra alma.
Sou o amargo dos mil e um cafés
que me deixam em pé noite e dia.
Sou um brilho doce ao contemplar o ser amado.
Sou o beijo carregado de desejo explícito.
A pimenteira coberta de vermelho-sangue.
Sou a vontade de retroceder.
Sou a precipitação encarnada,
a tempestade em copo d'água.
Sou o amor incondicional,
a idealização impossível depois de tornar-se possível.
Sou mundos e fundos.
Sou glórias passadas,
derrotas presentes.
A festa de agora.
O enterro de mim.
A sobrevida do eu.
Sou a amiga, a professora, a aluna,
a menina-meiga, a mulher-inteira.
Seu amor, seu anjo,
seu desejo; sou também maldade.
Sou a candura, a ternura,
a pureza e a inocência.
A criança tardia.
A velhice precoce.
Sou o que tu quiseres.
Sou o que eu quero.
Sou TUDO:
o Universo inteiro, o paralelo,
o infinito e o meio.
E, no fim, não sou NADA.
Ser mãe
Há 7 anos