terça-feira, 7 de outubro de 2008

A gente está nessa vida é pra perder

A gente está nessa vida é pra perder. Já começamos perdendo no momento do nascimento: a gente perde o calor do útero materno. E passa a vida inteira tentando recuperá-lo. Mas sempre surgem irmãos, parentes, amigos, para os quais ela deve também atenção. E a gente fica assim meio jogado no mundo.
Quando criança, a gente vai perdendo os dentes, ao poucos. E também aos poucos vai perdendo a inocência, a candura, o olhar meigo e despreocupado. E vai perdendo o medo do mundo.
Aí do nada crescemos. E passamos a perder o juízo, a perder o controle, a perder a noção do perigo... Culpa dos malditos hormônios, ora. E a nossa mãe tão amada perde a paciência. Mas pelo menos ainda temos ideologias e sonhos.
Chega uma hora que a gente começa a trabalhar demais e tudo o que a gente quer é um tempinho no fim do expediente pra tomar aquela cerva gelada com o pessoal do trabalho e esquecer um pouco o estresse do dia inteiro. Mas acabamos falando do trabalho de novo, putz.
Sonhos, nós os temos, mas as obrigações vêm antes. Temos que pagar as contas, dar satisfação à patroa, ao chefe, ao cliente... E a vida vai passando... E a gente sonhando com a aposentadoria, que é pouca, mas pelo menos se tem tempo livre pra fazer algo bacana.
Quando a gente menos espera, tá aposentado. E fica em casa resmungando no sofá, decorando a programação da Rede Globo e dizendo que o fim do mundo tá perto porque a gente só vê tragédia. E toda vez que nos olhamos no espelho, parece que a sombra da morte, às vezes tão ansiada, tá alí ao lado da nossa imagem já cheia de rugas e pregas.
E, por vezes, é de frente ao espelho que percebemos a verdade primeira: estamos nessa vida é pra perder. E mais que isso, percebemos ainda que a perda é uma opção feita aos poucos, reafirmada a cada dia por nossas atitudes mais corriqueiras.
Mas se é pra perder, a gente perde. E sempre perde calado. Porque nem torcida de futebol se manifesta no momento da derrota, no máximo procura colocar a culpa no juiz ladrão ou no goleiro despreparado. A culpa da perda NUNCA é da gente mesmo.
- Deus conserve para sempre o meu bom senso temperado a pitadas de loucura.

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Uma pequena criatura semi-leiga em muita coisa, mas metida o suficiente para dar palpite em quase tudo. beijosaindasereimanchete!
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